VIAGEM PELO SECTOR II – KAMARATA-KANAIMÖ, RUMO AO SALTO ANGEL – PARTE 1
Uma viagem com a ideia de chegar a um destino. Um local para conhecer o que parecia ser o principal atrativo turístico de uma região, o Salto Angel, que também é a mais alta cachoeira do planeta, mas, que nos mostrou a realidade de um povo, os Kamarakotö, que com seu entusiasmo, paixão, alegria, carinho e todas as mesclas de bons sentimentos, nos conquistaram.
COMO TUDO COMEÇOU
Ao ser convidado por Alberto Marinho (Beto), proprietário da Clube Native, para participar Fam Trip Sector II, Kamarata Kanaimö, logo de cara não entendi direito para onde iria, até que ele me revelou que o destino final dessa viagem seria a um local que é meu sonho de viagem, desde que vi documentários sobre ela, na década de 90, o Salto Angel.
Fomos participar da reunião/briefing, e lá a ficha começou a cair, que iria chegar próximo da maior queda d’água do mundo, com 979 metros. Passei alguns dias sem dormir, pensando na reunião, e como seria realizar um sonho que tinha guardado em mim durante anos.
O DIA DA PARTIDA
Bom, nossa viagem iniciou no dia 16 de setembro de 2019, por volta das 4h da manhã, quando chegamos à sede da Clube Native, nos encontramos com os aventureiros de plantão, apaixonados pelo turismo de aventura, daí seguimos de van, saindo de Boa Vista, Roraima, até o município de Paracaima, município este que faz fronteira do Brasil com a Venezuela.
Em Pacaraima, trocamos de van, e fomos par um carro 4×4 de turismo da região, atravessamos a fronteira e seguimos até o aeroporto de Santa Elena de Uairén. Lá, encontramos com a equipe que iria nos acompanhar durante os dez dias de viagem. Mas, algo diferente me chamou a atenção, tinha um índio, vestido de índio, uma figuriha inusitada e cheia de energia, Arnaldo ou Adamaka, Kamarakotö da gema, dotado de conhecimento de toda região do Parque Nacional de Canaima, nos acompanhou em toda a viagem.
SEGUINDO DE AVIÃO
Saindo do aeroporto, num avião que ainda não acredito que andei nele (tenho pavor de andar em avião, ainda mais um tão pequeno), pois cabiam nele, no máximo 20 pessoas. Mesmo com medo, fui, embarquei de corpo e alma nessa trip, e, após um voo de quase uma hora, repleto de paisagens que às vezes só vemos em filmes, chegamos aos pés do Monte Uruyén, uau, que lugar fantástico.
CHEGANDO AO ACAMPAMENTO DE EXCURSÃO
Chegamos ao Acampamento de Excursões Ywrwan, e ali, o que me chamou a atenção, além da paisagem, é que o lugar é extraordinário e tinha toda uma equipe pronta e muito disposta a nos atender sempre da melhor forma possível. Almoçamos, e que almoço delicioso. Logo nos preparamos para fazer nosso primeiro trekking na região.
CONHECENDO A PRIMEIRA CACHOEIRA DA VIAGEM
Saímos do Acampamento, seguindo em direção ao Monte Uruyen, fomos seguindo um riacho até chegar ao cânion Uruyen. O primeiro contato com uma cachoeirinha, um filetizinho de água, que já foi palco para muitos vídeos e fotos.
De lá seguimos até chegar no Salto Uruyen. Uma cachoeira extremamente forte, cheia de água, que já nos mostra sua força da região que estamos. Linda, e com área para banho, ficamos ali, primeiro por um tempo admirando, depois meditando, e ao final, como ninguém é de ferro, tivemos que ceder ao calor e tomar banho em suas águas.
NOSSA PRIMEIRA NOITE
Ao final do dia, voltamos ao Acampamento, a, faltou dizer que parte do caminho que fizemos para chegar ao cânion, foi naqueles carrinhos parecidos com os de golf. Chegando ao acampamento nos deparemos com os quartos, que por fora pareciam cabanas indígenas, mas por dentro tem a qualidade de quartos de hóteis cinco estrelas. Além de camas confortáveis (que por sinal, quase não fui jantar por conta delas), tinha chuveiro elétrico, climatizado, tevê por satélite e um aroma muito bom.
A impressão que dava era que o quarto estava numa cidade como Londres e que ao passar pela porta seria como se estivessemos passando pelo guarda roupa de Nárnia, chegando a um lugar totalmente diferente, lindo e mágico.
Jantamos, participamos da primeira reunião com toda a equipe, conhecemos o proprietário do Acampamento, que nos contou a história da construção do local. Após esse momento, seguimos para os quartos, pois o segundo dia, teria muita coisa reservada, começando pelo nascer do sol.
SEGUNDO DIA
Claro que como todo bom aventureiro, acordei cedo para fazer algumas fotos e depois ficar ali, só admirando a perfeição daquele lugar, totalmente isolado do mundo, mas que os proprietários daquele lugar conseguiram transformá-lo em um excelente ponto de recepção de casais, famílias, grupos de amigos e até para eventos corporativos.
Depois de meditar bastante, voltei a fotografar e até fiz algumas fotos com a blogueira de viagens, Jô Viajou, que havia levado o senhor Frederiksen e o Russell, personagens do UP! Altas Aventruras.
E O CAFÉ DA MANHÃ?
Após a sessão de fotos, seguimos para tomar um deliciosos café da manhã, preparado pelas mãos habilidosas do cheff. Após o café da manhã, de arrumar as mochilas, era hora de se despedir do povo, daqueles que cuidaram de nós, e eu também me despedi daquela cama deliciosa que passei a noite (me senti entre nuvens).
Pronto, alimentados, começamos nossa caminha para o hotel que fica ao lado do acampamento que estávamos, do irmão do dono, e que leva o nome do monte Uruyen. É mais simples que o que ficamos, mas bem confortável, e também com a vista ao fundo daquele monte que nos acompanharia por toda viagem.
Voltamos ao acampamento Yurwan de onde saímos, para uma caminhada de duas horas até chegar ao Acampamento Kavak.
ACAMPAMENTO KAVAK
Antes de chegar a Kavak além da vista do Audan tüpü que tem 700km2 e 2.450m de altura acima do nível do mar, e que é o Tepuy que fica atrás do acampamento Yurwan. Passamos também por duas cachoeiras pelo caminho, a primeira Awasaka’Pan e a segunda Apörötöpö, as duas ficaram apenas para visualizar e tirar fotos, pois ficam fora do percurso até o acampamento Kavak.
Chegando ao acampamento Kavak, fomos servidos com uma limonada para refrescar e com bananas para segurar até a hora do almoço. De lá saímos para o cânion Kavak, e pelo caminho encontramos com a micro orquídea, a menor do mundo, uma linda florzinha amarela menor que a cabeça de um prego.
Segundo o percurso, entre terra e água, paramos numa parte onde deixamos calçados e itens q não fossem necessários levar até o cânion, já as câmeras e celulares foram colocados em bolsas estanque para proteger da água, pois há partes em que foi necessário nadar até chegar ao poço Anaconda, que é a parte de entrada para uma das mais lindas visões que tive de uma cachoeira. Nesse poço, aproveitamos para subir em pedras e brincar um pouco, pulando, dando mortal, curtindo o momento.
Seguimos entrando pelo cânion até chegar na Cova Kavak, que foi o lugar que passei uns 10 minutos apenas admirando, deixei os equipamentos de lado, fui meditar e agradecer ao Criador de tudo aquilo que estava vendo, na hora me faltaram palavras para descrever o que eu estava vendo, e nem sei se ainda tenho palavras para expressar como me senti ao ver aquele local.
VISITANDO A COMUNIDADE TUAIWA’TÖY (PAPADO DA SABANA)
Voltamos ao Acampamento Kavak e fomos recepcionados com um delicioso almoço, feito com todo carinho pelos encarregados desse acampamento. Logo após o almoço fomos aos quartos para deixar as mochilas e seguimos de carro 4×4 até a margem de um rio Aicha, onde os indígenas que nos acompanham nadaram até a outra margem, buscaram as canoas (curiaras) que nos levariam até a outra margem.
Chegando a outra margem fomos recepcionados por membros da comunidade Santa Marta (nome católico) Tuaiwa’töy (Papado da Sabana – nome indígena). Fomos andando até chegar à comunidade e aproveitei para fotografar alguns insetos como aranhas, grilos e até algumas cigarras rabo de galo.
Participando do Teatro Kuykuytüriao
Chegando à comunidade, fomos imergidos em uma experiência fantástica ao ver as crianças apresentando um teatro Kuykuytüriao contanto a história sobre os cuidados da mãe com seus filhos, e como não podem deixar seu filho chorar, o carregam para todo lado e tudo isso, tendo como papel de parede (background), o Audan Tüpü. Dançaram Parichara, tukuy, Marik e Amanawü, danças típicas da região Pemon.
Após a apresentação, nos presentearam com um degustação dos alimentos principais de seu consumo: cana de açúcar, ingá (kamadak), caju silvestre, cogumelo (kara’kara) e beijú (casabe – Ekei) com pimenta, e para tirar o ardor da pimenta, tinham o Parakari (parecido a nosso caxiri – bebida feita com a fermentação da mandioca) e banana.
Depois nos levaram para conhecer a escola, onde foram bem orgulhosos ao dizer que já haviam ganhado por 4 anos seguidos os jogos entre as comunidades, principalmente no futebol. Ah, depois da apresentação da escola, fomos ao templo (católico) deles e aí, fomos entender o porque nos levaram ao templo, era para orar por que ao ver eles jogando entendemos por que eles já ganharam por quatro anos seguidos os jogos, foram formados 2 times, o time da comunidade Santa Marta, e o time da expedição, e o time da expedição tomou uma lavada de 5×2.
Eles cantaram músicas para os visitantes se despedindo, e aproveitei para fazer um timelapse do por do sol, e que por do sol fantástico.
FIM DO SEGUNDO DIA
Bom, depois dessa imersão que vivemos na comunidade Santa Marta, voltamos ao acampamento Kavak, e foi a hora de colocar os equipamentos para carregar, tomar aquele banho, passar na lojinha para comprar chaveiros e seguir para o barracão onde iríamos jantar e receber as instruções do que estaria previsto para o terceiro dia.
Ah, enquanto a janta não era servida, a turma fez fila para receber massagens do nosso médico André, que colocou a coluna de todos no lugar. Nosso segundo dia foi incrível, cânion, cova, menor orquídea do mundo, imersão de vida em uma comunidade indígena e refeições deliciosas. Que venha o terceiro dia repleto de coisas fantásticas!
Na próxima postagem, estaremos seguindo para o terceiro dia de nossa viagem iremos visitar a comunidade Kamarata e de lá seguir até a comunidade Awaraparu. Serão duas experiências fantásticas e uma imersão sensacional. Então, fique ligado que tem muito mais histórias chegando dessa super trip!
Apesar de está lá contigo, estou ansioso pra ler o restante dessa trip e relembrar de cada momento
Cada parte que escrevo, me faz relembrar das aventuras, das trilhas, das comunidades que passamos, das pessoas que conhecemos, foi tudo fantastico!
Morrendo de saudades dessa trip, que tudo melhore para gente levar o pessoal lá. 🥰
Também quero estas duas coisas: que tudo passe logo e voltar lá!
Top demais. Precisamos da segunda parte 🙌
Já está em produção 😀
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Post sensacional! Muito bem escrito, como sempre, e fotos iradas!! Parabéns, Gildo!
Poxa irmão, muito obrigado mesmo!